domingo, junho 05, 2011

Crítica do Filme 'X-Men: Primeira Classe'

O cineasta Bryan Singer trouxe para os cinemas duas grandes produções dos X-Men, criados por Stan Lee e Jack Kirby, e as entregou para os fãs e público em geral. Infelizmente Singer não pode retornar no último filme dos mutantes, porque já estava comprometido com o ruim Superman: O Retorno, e a última parte da trilogia acabou sendo o pior filme dos mutantes. Singer agora retorna como produtor de X-Men: Primeira Classe, e ao lado de Matthew Vaughn (Kick-Ass: Quebrando Tudo), nos presenteiam não só com uma ótima adaptação, mas também com um excelente filme, que acaba se tornando uma referência para o gênero e porque não, para outros filmes.

Em 1963, o jovem Charles Xavier está na escola e decide juntar um grupo de super-humanos com habilidades especiais. Entre eles, está Erik Lensherr, seu melhor amigo. Eles trabalham juntos e contam com outros mutantes na tentativa de se proteger contra uma grande ameaça. Mas, nessa época, Charles Xavier ainda não é conhecido como Professoro X e Lensherr ainda não adotou o nome de Magnet. Quando isso acontece, ao mesmo tempo em que se desenvolvem seus poderes, eles se tornam grandes inimigos.

O roteiro do filme é surpreendente. Relacionando fatos reais e fictícios, a produção acaba se tornando uma aula de história. É possível ver (pela 1ª vez) que os efeitos especiais estão em segundo plano, dando prioridade ao roteiro, o resultado disto é um filme para qualquer um amar, fã ou não. Talvez o Michael Bay devesse aprender alguma coisa com X-Men: Primeira Classe.

A direção de elenco não poderia ser melhor. Temos no papel do jovem Charles o escocês James McAvoy (Desejo e Reparação). McAvoy faz um trabalho excelente; talentoso do jeito que é, ele interpreta Charles de tal forma, que chega dá vontade de aprender com o professor Xavier. Charles é ingênuo e bon vivant, e nunca esteve tão bem representado no cinema. Se de um lado temos McAvoy, do outro temos o talentoso Michael Fassbender (Bastardos Inglórios). Magneto nunca esteve tão enigmático e fascinante. Michael consegue também fazer o expectador sentir a dor do personagem e compreender o ódio que toma conta do Erik. McAvoy e Fassbender atuando separados já são ótimos, mas quando são vistos dividindo cenas juntos, a sincronia é mútua, e toma conta da tela uma aula de atuação para o público ver, e, diga-se de passagem, aproveitar dois talentos do cinema atual.

O bom elenco não para por aí, os jovens mutantes também estão muito bem. O destaque, é claro, vai para recém indicada ao Oscar Jennifer Lawrence. Jennifer já mostrou tudo que tem no bom Inverno da Alma, agora como Mística, sua atuação só cresce no decorrer do filme. Saindo um pouquinho, mas não é por nada não, mas a trinca McAvoy/Fassbender/Lawrence é de encher os olhos. Grandes atores por si só, encontram um no outro apoio e sincronia, que só deixam X-Men: Primeira Classe um presente para qualquer amante do cinema. A Mística da Jennifer quer ser aceita e ser amada pelo que ela é. Arco que qualquer um se identifica, e arco este que bate de frente com o do jovem Hank McCoy, o Fera, vivido muito bem pelo talentoso Nicholas Hoult (Direito de Amar). Ambos possuem mutações físicas e os mesmo problemas de aceitação, um possível relacionamento amoroso entre ambos fica pra segundo plano, o que o roteiro quer mesmo é mostrar os problemas internos de ambos. Afinal, dá até para entender o desejo de querer ser aceito pela sociedade, neste filme, compreender porque a Mística escolheu seguir Erik.

Kevin Bacon como grande vilão do filme merece destaque.  Nunca fui grande fã do ator, mas Vaughn extraiu dele o que tinha de melhor. Bacon nos dá um Sebastian Shawn megalomaníaco e com uma presença forte, que chega (às vezes) fazer o Magneto de criança. Os demais atores não decepcionam e nem surpreende. Divertidos e precisos, estão quase com plano de fundo e precisam estar nos filmes (claro), mas o foco de X-Men: Primeira Classe é a amizade de Erik e Charles e a Mística.

A direção de Matthew Vaughn merece destaque. Vaughn já se mostrou talentoso em Stardust - O Mistério da Estrela e foi no ótimo Kick-Ass - Quebrando Tudo que ele caiu no gosto dos fãs de HQ’s e críticos de cinema. Fato curioso sobre ele, é que Vaughn iria dirigir o 3º X-Men, mas infelizmente não pode por problemas familiares. Vaughn (re) colocou os X-Men de volta nos anos 60, com os antigos uniformes amarelos, e não só isso, fez referências em algumas cenas a grande filmes como Bastardos Inglórios e o próprio Kick-Ass: Quebrando Tudo

X-Men: Primeira Classe é inteligente, divertido e charmoso, que recomeça (mais uma vez) a franquia dos mutantes de forma excepcional. Priorizando roteiro e atuações. Faz com que X-Men: Primeira Classe seja um presente, de primeira classe, se me permitirem o trocadilho. Só nos resta no final do filme aplaudir de pé o trabalho de Matthew Vaughn.