sexta-feira, dezembro 02, 2011

Crítica do Filme 'Deixe-Me Entrar'

A inocência morre. Abby não.

Remakes de filmes estrangeiros são praticamente desnecessários, geralmente feitos para dá uma nova roupagem a filmes antigos ou para traduzir um bom roteiro de filmes estrangeiros para o mercado americano, só que nunca conseguem ficar a altura da obra original. Sabendo disso é prazeroso descobrir que a obra de Matt Revees está a altura do clássico Deixe Ela Entrar.

Owen (Kodi Smit-McPhee) é um garoto de 12 anos sempre satirizado pelos garotos de escola e negligenciado por seus pais. Com tanta solidão, Owen passa os seus dias planejando a vingança e as noites espiando o que acontece na vizinhança. Abby (Chloe Moretz), menina independente que mora com seu silencioso 'pai' (Richard Jenkins), se torna sua única amiga. Frágil como Owen, Abby só aparece a noite, sempre descalça, aparentemente imune à neve do inverno. Quando uma série de assassinatos coloca a cidade em alerta, e seu comportamento bizarro faz o garoto pensar que Abby esconde algum segredo obscuro.

São poucas as coisas que a refilmagem de Deixa Ela Entrar tem de diferente de sua antecessora. A refilmagem está mais para uma releitura americana, e é incrível como a única coisa que mostra isso são os atores falando inglês. A fotografia crua e queimada relembra fotografias de filmes europeus, o tom lento que filme ganha só comprova o bom trabalho que Revees fez ao dirigir o filme. Ele também merece receber créditos por ajudar o roteirista original a escreve o roteiro. Reeves ajudar a dar ênfase nas cenas de Bullying, diferente do original, o remake mostra cenas cruéis de violência física e psicológica, e ao mesmo tempo em que os roteiristas dão ênfase neste ponto também dão no romance, na paixão infantil que Owen sente por Abby.

Outro ponto diferente de sua obra original é a figura 'paterna' que dão ao guardião da vampirinha. No filme americano fica claro que o personagem de Richard Jenkins é mais do que um simples guardião. A realidade é que o personagem faz parte de um longo ciclo em que ele ajuda a vampirinha na hora de conseguir seus alimentos, e é esse mesmo ciclo que Owen parece entrar ao se apaixonar por Abby. Na versão original não dá para perceber isso, então a refilmagem ganha pontos por deixar claro a figura do homem misterioso e Jenkins apesar de aparecer em poucas cenas carrega um personagem de grande importância para a trama.

O acerto principal do filme, sem desmerecer toda a composição do mesmo, é a escolha dos dois atores para viver Owen e Abby. Kodi Smit-McPhee já se mostrou ser muito bom ator em A Estrada e Romulus, Meu Pai. Como Owen o ator é mais carismático que o seu antecessor e passa mais fragilidade, se mostrando confortável no papel. Owen é alienado pelos pais, que estão se divorciando e o diretor acerta em limitar a figura materna com uma falta de 'rosto' e a uma figura paterna limitada a um telefonema, isso sem falar do Bullying pesado que aceita calado, mostrando a solidão do personagem.

Chloe Moretz é igualmente competente e a que chama mais atenção. Diferente de sua personagem Hit Girl do ótimo Kick Ass, Chloe interpreta Abby como uma pessoa misteriosa, silenciosa e de olhar ambíguo. O rosto frágil da Chloe também ajuda na composição da personagem, ao mesmo tempo em que parece uma criança, percebe-se que Abby é bem mais velha. Chloe está espetacular, é incrível ver uma atriz tão jovem ser tão talentosa, e que só tem a crescer no cinema.

Deixe-Me Entrar não é nem pior e nem melhor que a obra original, pelo contrário ele o completa. Quem assistiu o clássico sueco vai gostar de assistir a versão americana que esclarece alguns pontos que não ficam claro no filme de 2008. É um remake surpreendente e apesar de ser tão marcante quanto a obra original, merece ser visto e apreciado, pois continua de forma americana, a beleza da história.

Um comentário:

  1. Oi! Lembra da Sarita? Agora é só Sara, briguei com o apelido antigo que eu mesma inventei:) Sou louca, larguei meu blog e criei outro uma semana depois, nem Freud me explica! E já não tenho mais paciência pra começar tudo zero... Ficarei com este blog até o fim do universo.
    Eu vi as duas versões deste filme que tem uma história estranha, diferente e muito boa. A produção americana está ok, mas sério que precisava de um remake? Não né. Tenho a impressão de que eles não gostam de ver filmes com elenco desconhecido e num idioma diferente, já viu O Funeral (um filme britânico)? É ótimo, tem Peter Dinklage e o cara que fez o Sr Darcy, aí uns sem noção vai lá e acho que só por causa do sotaque (só pode) fazem um remake!!!

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