segunda-feira, janeiro 09, 2012

Crítica do Filme 'Cavalo de Guerra'

★★★ Uma bela homenagem por parte de Spielberg ao cinema!

Steven Spielberg dirigiu os melhores filmes da década de 80. Sempre com tramas simples e emocionantes que acabaram marcando uma geração. Em meio a um ano em que o cinema está beirando a nostalgia, Spielberg nos entrega uma obra apaixonante sobre um garoto e um cavalo, que mesmo se passando na brutal Primeira Guerra Mundial, conflito pouco explorado cinema, se torna um sincero e inocente épico da sétima arte.

Baseado no livro infantil de Michael Mopurgo, adaptado pelos ingleses Lee Hall (“Billy Elliot”) e Richard Curtis (“A Garota do Café”), a trama do filme segue as jornadas de Joey, cavalo dos humildes Narracotts que forja uma incrível amizade com Albert (Jeremy Irvine), filho do seu dono, Ted (Peter Mullan), e responsável por treiná-lo. Juntos, eles tentarão salvar a fazenda das mãos do ganancioso Lyons (David Twellis), arrendatário das terras onde a família vive. Quando estoura a Primeira Guerra Mundial, Albert e Joey são separados, com o cavalo sendo vendido para o exército inglês e começando sua estadia nos campos de batalha europeus.

O filme é emocionante desde a primeira cena, quando Albert vê o nascimento do pequeno potro. O expectador vê criar uma bonita relação de amizade entre o menino e o cavalo. Mas isso não é o que Spielberg sabe fazer de melhor? Trabalhar estas pequenas relações, mesmo que seja ela entre um menino e um E.T, ou simplesmente um menino e um cavalo. É uma amizade tão bem trabalhada que quando o pai do menino vende o cavalo a um oficial inglês, dói em dobro ver o sofrimento de Albert, não só pela separação de ambos, como também aquele poderia ser o atestado de óbito do pobre animal.  Vemos a incansável luta de Albert para reencontrar seu amado cavalo. O reencontro entre os dois demora a acontecer, e é quando o filme passa a ser contado pelos olhos do cavalo que passa pelas mãos de um oficial inglês, de dois jovens alemães, de um avô e sua neta (claro, doente), de um oficial alemão e de outro oficial inglês, para então finalmente retorna para o seu tão amado dono.

Desde A Lista de Schindler e O Resgate do Soldado Ryan que Spielberg não se aventura em um filme sobre guerra. O palco escolhido foi a brutal Primeira Guerra Mundial, que apesar de ter sido uma das piores guerras, o diretor, como sempre, não mostra cenas de sangue, afinal é o filme família, por mais que o horror da guerra esteja presente, nas entrelinhas. As cenas das batalhas são excelentes, e são nelas que a cena, talvez a mais memorável do filme aconteça, quando ocorre a fuga de Joey pelos campos de batalha, onde acaba preso aos arames, resultando em momento de paz entre as frentes rivais, só para ajudar o animal.

O novato Jeremy Irvine não entrega uma grande atuação, o ator britânico passa fácil o amor e a amizade entre seu personagem e o cavalo, mas precisa de muito mais que um simples olhar dramático para ser considerado um bom ator. O personagem também foi pouco explorado, e o ator trabalha bem essa falta de composição do personagem. Irvine tem muito que crescer, está mais para um diamante bruto, que se for bem lapido poderá render um ótimo ator da atual geração tecnológica. Dito isso o Emily Watson e Peter Mullan, como seus pais, estão formidáveis. Assim como Tom Hiddleston (Thor) está excelente como capitão Nicholls, como também o jovem David Kross (O Leitor) que interpreta o jovem alemão.

Celine Buckens como a civil doente está muito bem. Ela interpreta com uma veracidade que falta no ator inglês. Niels Arestrup, que interpreta seu avô, ajuda na composição que a guerra leva tudo e de todos, e as cenas dos dois cavalos ao lado destes dois atores competentes não tem como, mais uma vez, não se emocionar com a menina querendo saber um pouco mais sobre os pais, ou simplesmente por ela querer montar em um dos cavalos. Isso é o diretor em sua melhor forma.

Visualmente falando, desde o Discurso do Rei, que não se via um filme tecnicamente impecável. Janusz Kaminsk cria uma fotografia genial que lembram clássicos da década de 30, direção de arte formidável, figurinos belíssimos que lembram épicos da velha Hollywood. A trilha sonora composta pelo sempre ótimo John Williams que apesar de estar um pouco exagerada continua belíssima.

Cavalo de Guerra vai te fazer rir e chorar. É incrível como os anos passam, mas a sinopse dos melhores filmes de Spielberg continuam os mesmo, um garoto, uma criatura (que faz parte do mundo real ou não) e uma grande aventura que aborda coragem e amizade. O filme é tão antiquado quanto bonito, e por mais que não seja uma obra prima do querido midas Steven Spielberg, é o longa mais simples e sincero deste  diretor apaixonado pelo cinema.

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