quinta-feira, julho 19, 2012

Coluna de DVD - Inquietos (Restless, 2011)

★★★★ Delicado e Profundo 

A morte é um tema em que poucos diretores se arriscam em se aventurar. Filmes com essa temática geralmente tendem a cair no melodrama, ou podem ser tornar bem apelativos. Em seu novo filme, Gus Van Sant retorna para falar novamente sobre a morte, abordando-o com delicadeza e sutilidade, ressaltando a visão humana sobre como encarar e aceitar a morte.

Doente em fase terminal, Annabel (Mia Wasikowska) se apaixona por um garoto (Henry Hopper) que tem uma mania estranha: gosta de frequentar funerais. Juntos, eles têm encontros sobrenaturais com o fantasma de um piloto kamikaze da Segunda Guerra Mundial. A trama acompanha um momento de passagem entre os dois adolescentes, que têm em comum uma preocupação com a mortalidade. 

Essa não é a primeira vez que Gus Van Sant aborda o luto em um dos seus filmes. Em Elefante, as lentes de Van Sant apresentam uma visão quase poética sobre o massacre de Columbine, sem sensacionalismo, da mesma forma em que não apresenta as razões, ou a falta delas, para que levassem os dois jovens a cometerem o massacre. Já em Inquietos o diretor continua explorando a morte de forma honesta, trazendo a visão humana de cada personagem, seja nela em que aceita sua condição terminal ou, nele que tem um desejo de morrer, sobre como encarar e aceitar a morte, que às vezes é tachada como tragédia dependendo do ponto de vista em que ela é abordada. E esse é o ponto forte e crucial do filme, pois o diretor, diferente do que fez em Elefante, fala dela como se fosse um renascimento e não uma tragédia, onde o filme mostra que se pode encontrar uma razão e um recomeço na vida, tirando dessa forma da obra o tom melancólico, e transformando-a em um sorriso delicado e charmoso no rosto do público.

A escalação do elenco não poderia ter sido melhor. Mia Wasikowska, a mais conhecida do elenco, dá vida a uma encantadora e apaixonante Annabel. A atriz, que já vinha de outros trabalhos consistentes, mostra que está sabendo escolher seus projetos, não se tornando mais uma atriz jovem com talento embarcando em papéis que não acrescentam em nada na sua carreira apenas no bolso, e dessa forma não se torna esquecida pelo público. Henry Hopper, filho de Dennis Hopper, é a revelação do filme. O jovem ator ainda está um pouco verde, mas soube aguentar e carregar com equilíbrio as cenas mais dramáticas do filme, ao mesmo tempo em que soube encantar a quem assistia ao filme. A química entre ambos é incrível, dando mais realismo a obra emocionante de Van Sant.

Com uma trilha sonora delicada e uma fotografia tecnicamente perfeita, Inquietos pode não ser a obra mais arrebatadora da carreira de Gus Van Sant, mas mostra uma visão bonita e elegante de como tratar o amor e a morte em um tom contemplativo sobre o olhar dos protagonistas. Uma produção emocionante e adorável como muitas poucas.

sábado, julho 14, 2012

Review: As Aventuras de Merlin – Season 1 a 4

As Aventuras de Merlin, como ficou conhecida aqui no Brasil pela HBO Family, Sony Spin (se não me engano) e pelo Disney XD, é uma produção britânica pelas mãos do canal de Tv BBC, que conta a história de Merlin, um jovem mago que descobre seus poderes mágicos e se envolve em conflitos com Arthur, quando este ainda não era rei, no reino de Albion, em Camelot numa época em que a pratica da magia é punida com a morte. É destino do jovem Merlin ajudar o príncipe Arthur nas diversas aventuras e perigos que o envolvem, pois quando for rei Arthur criara um reino justo e livre para a boa magia. E até que esse dia chegue Merlin assume o papel de servo, escondendo de todos o seu verdadeiro poder e grandes feitos.

Como sabem a Lenda Arthuriana já foi contada de várias formas, desde uma animação da Disney até a péssima série Camelot, que felizmente já foi cancelada. As Aventuras de Merlin é interessante justamente por ser focada na juventude de Arthur e Merlin. Como o mago descobriu e lidou com seus poderes, o amadurecimento de Arthur até se tornar o grande Rei que viria a ser, assim como também a transformação de Morgana, que passa a ser uma vilã na terceira temporada. Já assistia a série há alguns anos e deveria ter feito uma análise antes, mas só zapeando pela TV, certa tarde, que me deparei com ela sendo exibida na HBO. Então, finalmente, resolvi fazer uma análise da série como um todo, depois de ter (re) assistido alguns principais episódios das quatro temporadas.

Não sou grande fã da primeira temporada, até porque é um introdutório de todos os personagens, suas motivações e características, e também porque a série tem um problema, grave inclusive, que se repete em todas as temporadas: a série enrola demais. Por exemplo: Em um episódio a série introduz uma trama, que é interessante e gera questionamentos sérios, tipo, "o que vai acontecer agora", ou "o que esse personagem irá fazer", mas no próximo episódio parte para outra história, focada em um personagem secundário e que nada acrescenta a história principal da série, depois resolve retomar os acontecimentos do episódio retrasado, perdendo assim uma oportunidade de criar uma trama interessante. E isso se repete durantes todas as quatro temporadas, mas quando os roteirista resolvem se focar na trama principal, acabam gerando episódios interessantes, e são justamente estes episódios que me fazem continuar assistindo a série, afinal, quem não ama e acha interessante a Lenda Arthuriana.
 
As temporadas mais interessantes são a terceira e a quarta e tudo isso graças ao lado negro da Morgana inserido na série no final da segunda temporada. A personagem já era interessante antes por não ser aquela Lady que estamos acostumados a ver em séries ambientadas no passado. Morgana é uma personagem fácil de gostar e torcer nas duas primeiras temporadas, mas também se torna na terceira e quarta aquela vilã que todos amam odiar. Gosto do fato dela ter construído amizades com Merlin e Gwen no passado, e que na sua atual condição de vilã, apesar de não ter certo apreço pela sua ex-amiga, uma vez que esta possa assumir seu lugar, legítimo por sinal, no trono, ainda nutre um sentimento por Merlin, mal explicado na segunda temporada e que se sucede nas demais. Na lenda existem várias versões sobre a personagem e a série parecia seguir primeiramente a dela apaixonada por Arthur, sem que ambos soubessem que eram meio irmãos, mas felizmente não continuou nessa história. Na segunda temporada resolveram seguir a história em que ela possa nutrir, ainda que não sejam claros, sentimentos por Merlin, e acabou que não se tem nenhuma conclusão sobre este arco, que seria interessante, já que Merlin correspondia aos sentimentos da bruxa, e uma vez que ela quer tomar o lugar de Arthur matando-o e Merlin tem que protegê-lo, um romance entre ambos seria bem interessante para melhorar o roteiro da série. Katie McGrath está ótima no papel da bruxa vilã, ainda mais na terceira e quarta temporada, onde ganha mais destaque e fica evidente o talento da atriz.

O Merlin construído pelo jovem ator Colin Morgan é adorável. É bastante interessante acompanhar o crescimento do personagem icônico da Inglaterra tanto como mago quanto como amigo de Arthur, e mais tarde como seu grande conselheiro. Apesar de às vezes o personagem ser vendido e taxado como um “bobão’’ na série, desculpem o linguajar, às vezes mais do que necessário, o personagem foi crescendo no decorrer das temporadas, e acredito que esta característica foi deixada até para mostrar como é a relação dele com Arthur enquanto jovens. Morgan convence no papel, apesar de em certas cenas sua atuação se mostra exagerada, mas depois de algumas temporadas e já confortável no papel, consegue apresentar atuações equilibradas. 

Infelizmente, além de um roteiro com furos, os efeitos especiais chegam a desejar bastante, assim como os da série Smallville. Ambos os defeitos melhoraram na quarta temporada, a minha favorita, mas ainda precisam melhorar, já que em tempos em que presenciamos séries como Game of Thrones e The Walking Dead, não se têm mais desculpas para as séries terem efeitos de segunda mão. O mais legal dessas novas séries britânicas são que elas nos apresentam jovens talentos britânicos, e o acervo cênico jovem do país não fica só conhecido por nomes batidos como as excelentes Carey Mulligan e Keira Knightley e nem pelo mediano Orlando Bloom. Game of Thrones e Downton Abbey, ambas excelentes séries, apresentaram uma quantidade de jovens talentos britânicos que eu espero futuramente estar vendo atuar em muito filmes.

 
Quem gosta, assim como eu da lenda Arthuriana, no momento a série da BBC é a melhor pedida, apesar de apresentar irregularidades no roteiro e com efeitos que chegam a desejar, a série tem seu valor ao apresentar jovens competentes, ao mostrar a mitologia que ronda a lenda Arthuriana e ainda conseguir alternar bem os momentos de comédia com os dramáticos. Não é uma série refinada e obrigatória como Downton Abbey, mas que é bastante divertida para uma sessão da tarde. Vale a pena conferir.

sábado, julho 07, 2012

Crítica: O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man, 2012)

★★★ Atores certos, mas filme errado!

Quando a Sony anunciou uma nova versão para o cinema da história do aracnídeo mais famoso das histórias em quadrinhos a primeira coisa que se passou na minha mente foi que era cedo demais. Não sou uma grande fã da franquia estrelada por Tobey Maguire, o terceiro filme é péssimo e com um roteiro cheio de furos, mas ainda o via como Peter Parker e não estava preparada para ver outro ator no colante azul e vermelho. Neste novo recomeço da história de Paker, os erros do terceiro filme são repetidos, e a tentativa de torná-lo uma espécie de Batman do Christopher Nolan não acabou dando certo e o filme é apenas um produto reciclado.

Peter Parker (Andrew Garfield) é um rapaz tímido e estudioso, que iniciou há pouco tempo um namoro com a bela Gwen Stacy (Emma Stone), sua colega de colégio. Ele vive com os tios, May (Sally Field) e Ben (Martin Sheen), desde que foi deixado pelos pais, Richard (Campbell Scott) e Mary (Embeth Davidtz). Certo dia, o jovem encontra uma misteriosa maleta que pertenceu a seu pai. O artefato faz com que visite o laboratório do dr. Curt Connors (Rhys Ifans) na Oscorp. Parker está em busca de respostas sobre o que aconteceu com os pais, só que acaba entrando em rota de colisão com o perigoso alter-ego de Connors, o vilão Lagarto.
 
O roteiro do filme é extremamente diferente das histórias em quadrinhos. Ele é tão amarrado que parece que estamos acompanhando uma "teia" de acontecimentos que servem para contar neste filme a história de Parker. Por exemplo: Os pais do Peter trabalhavam com Dr. Curt, que é chefe da Gwen, que estuda no colégio de Peter, que encontra uma pasta do pai com os documentos indispensáveis à pesquisa de Connors, na qual Gwen trabalha ativamente. Qual a necessidade disso? É como se dissessem que os espectadores não são inteligentes o suficiente para entender a história sem tantas "coincidências". O filme também peca ao escolher uma história que a maior parte dos fãs dos quadrinhos não se interessa. E o filme é vendido dessa forma, com a tal frase “A história nunca antes contada”. Sinceramente, os pais de Parker nunca foram algo de grande importância no crescimento do personagem. Tio Ben e Tia May sempre desempenharam bem os papeis de figura materna e paterna, e se não fosse as ótimas atuações dos dois atores, em especial a do Martin Sheen, os personagens icônicos passariam despercebidos. Outro momento dispensável, e nem imagino de quem surgiu a ideia, são as cenas dos pequenos lagartos seguindo para o esgoto. Imagino que pensaram assim: Peter precisa descobrir o esconderijo do Lagarto, então vamos fazer o monte de "filhotes" irem rumo ao esgoto para assim ele descobrir que o Lagarto se esconde lá. Mais uma cena em que os roteirista acreditam que quem está assistindo o filme não são tão inteligentes. Contudo, Lagarto é um vilão interessante, sempre rende boas cenas de ação com o aracnídeo, mas aqui surge sem sua família, que é fundamental nas HQ's para suas motivações, e as alterações em relação a sua origem chegam a ser desconfortante, mas nada que comprometa as cenas do antagonista.

O maior acerto do filme foi a escolha dos ótimos atores para interpretar Parker e a Gwen. Andrew Garfield já tinha se revelado ser um bom ator em Dr. Parnassus, A Rede Social e Não me Abandone Jamais, e como Peter Parker/Homem Aranha constrói uma atuação sólida, e consolida seu nome ainda mais na lista de bons atores da atualidade. Apesar de ser mais velho que seu personagem, Garfield possui um físico semelhante ao de Peter nos quadrinhos. O problema é que nesta nova versão da história Peter não parece ser totalmente nerd. Anda de skate, enfrenta valentões (apesar de levar uma surra), e ainda usa lentes de contato. A única diferença desta versão para a versão com super-poderes é que com esta ele consegue bater nos valentões. Acabaram destruindo a essência do personagem, que era justamente divertido e legal por ser aquele herói totalmente desajeitado que as pessoas se identificam, e o que o tornavam carismático, sem falar que aqui revela sua identidade a cada cinco minutos.

Emma Stone é literalmente a Gwen Stacy que eu cresci vendo. Carismática e uma ótima atriz, infelizmente não têm tanto tempo em cena, mas suas cenas com Garfield estão ótimas. Os atores, que namoram na vida real, possuem uma excelente química em cena. Contudo parece que demora para Stone se encaixar no filme, algo que vai acontecendo sutilmente. Sua personagem é pouco conhecida, já que muitos conhecem a ruivinha Mary Jane através da franquia anterior. Tive inclusive o infortúnio de escutar na saída do cinema pessoas se perguntando quem ela era e onde estava a Mary Jane Watson. Gwen sempre foi a namorada do Peter que eu mais gostava. Sempre achei bonita a relação dos dois e acredito que a Gwen se apaixonou pelo Peter e não pelo Aranha, diferente da Watson. Vale lembrar que ela foi o primeiro grande amor do nosso herói, apesar de hoje ele está casado com Mary Jane nas HQ's. Mas, uma coisa que não passa muita credibilidade a personagem é o fato de tentaram nos fazer acreditar que ela, uma estudante de 17 anos, possa ser tão brilhante ao ponto de ser uma importante estagiária do Dr. Curt.

Tecnicamente o filme é muito bonito. As cenas de ação estão ótimas, bem realistas e bem filmadas, inclusive as poses do herói se parecem e muito com as dos quadrinhos. O 3D funciona muito bem, o que ajuda no entretenimento do filme. Mas o que impressiona mesmo são os diálogos, que estão muito bem desenvolvidos, e isso é fruto da mão de Marc Webb, e o diretor já tinha feito isso em 500 Dias com Ela, seu filme mais famoso. São diálogos sutis e bem fofos que servem para criar certa intimidade entre os personagens, e o diretor extrai atuações bastante honestas dos atores.

O Espetacular Homem-Aranha está bem longe de ser um filme perfeito. Com um roteiro mal elaborado, e com uma história mal- desenvolvida, o que favorece o filme é o bom elenco e as divertidas cenas de ação. Poderiam ter feito um bom filme do aranha se tivessem escolhido a história certa, e sem essa preocupação de coincidências convenientes para que a história continue fluindo. Como disse antes, atores e personagens certos, contudo, no filme errado. Este Homem Aranha, infelizmente, não é tão espetacular.

Dica: não saia da sala antes do fim dos créditos. Tem um péssima cena que (não) indica quem podem ser o novo vilão.

quinta-feira, julho 05, 2012

Review: Piloto de The Newsroom

Nova série de Aaron Sorkin (West Wing) vem mostrar os bastidores da notícia!

Depois de ter vindo expressar meu amor pela produção britânica Downton Abbey, venho agora falar um pouco sobre a nova série da HBO, The Newsroom, criada por Aaron Sorkin (West Wing: Nos Bastidores do Poder), e que também foi premiado com um Oscar pelo roteiro de A Rede Social, que vem para explorar os bastidores do atual jornalismo.

A série foi aprovada no final do ano passado, que estreou nos USA em 24 de Junho pela HBO, e conta com dez capítulos de uma hora que vai explorar e discutir o que acontece nos bastidores do New Night, um noticiário fictício. Quem conhece Sorkin de outros trabalhos, sabem que ele gosta do tema "exploração nos bastidores", e seus dois trabalhos mais conhecidos são exemplos disso.

Will McAvoy
A trama de The Newsroom gira em torno de Will McAvoy, um âncora muito bem-sucedido e popular conhecido por não "incomodar" ninguém, até o que dia em que durante uma palestra em um universidade, reconhece que seu trabalho não é o mais honesto e afirma que a América já não é mais o melhor país do mundo. A resposta não é nenhuma novidade para ninguém, mas é algo que os americanos costumam ignorar, afinal é sempre mais fácil que encarar a verdade. E Will até essa palestra, nunca havia se manifestado. O discurso fica ainda mais incrível quando ele dá um "tapa na cara" do telespectador, como quem diz: "acordem!"

A série apresentou um piloto bem interessante, com diálogos rápidos, que trava logo no começo da temporada uma batalha entre o desejo de se fazer um programa de excelente qualidade e os interesses de se alcançar audiência. A premissa é um clichê nas mãos de Sorkin, mas que com o roteiro brilhante que ele apresenta neste primeiro episódio faz dela, pelo menos neste primeiro momento, uma série sensacional.

O elenco é competente encabeçado pelos já queridos Jim Harper (John Gallegher Jr.), o produtor sênior de McKenzie, e por Margaret (Alison Pill), a assistente de Will. E McKenzie McHale (Emily Mortimer), com quem Will já teve um relacionamento e é contratada pra ser a nova produtora executiva dele, e que sabe extrair o melhor do âncora.

Equipe Fantástica!




The Newsroom é um prato cheio para quem gosta de política e um humor negro, mas vamos esperar que Sorkin não entre muito nas opiniões políticas, já que sempre tendem a serem as mesmas que as dos criadores. Vamos esperar que os outros episódios apresentem a mesma qualidade que o do piloto, o que vai torná-la mais uma, das várias, novas séries que surgiram que devem ser assistidas.

domingo, julho 01, 2012

Review: Downton Abbey – Season 1 e 2

Produção Britânica é Imperdível!

Conhecida apenas como a série inglesa com Maggie Smith no elenco, e que logo no primeiro episódio aborda o naufrágio do Titanic (em 1912) como uma trama secundária, Downton Abbey uma série que vai além desses dois pontos, e acaba se tornando uma série obrigatória, de extrema qualidade, e que deve ser apreciada por muitos.

Matthew Crawley and Lady Mary
Criada por Julian Fellowes (vencedor do Oscar de melhor roteiro original por Assassinato em Gosford Park), a primeira temporada ocorre pouco antes da Primeira Guerra Mundial gira em torno da família Crawley, compostas por aristocratas ingleses que detém o controle sobre Downton Abbey. A família é chefiada pelo Conde Robert Crawley (Hugh Bonneville) que, por falta de herdeiros masculinos, uma vez que só têm herdeiras mulheres e que o antigo herdeiro fora dado como morto, uma vez que estava abordo do Titanic, acaba descobrindo que sua morada será herdada para um primo distante, Matthew (Dan Stevens), advogado de classe média, o que logo de cara acaba gerando uma reação não muito boa para sua primogênita Mary (Michelle Dockery). Mary estava noiva de Patrick, antigo herdeiro, ou seja, seria ela quem herdaria, de certa forma, todo o dinheiro da família Crawley, mas com a suposta morte de Patrick e a descoberta deste tal primo, advogado de classe média, gera muito desespero em todos da família. Mas, logo que ambos se conhecem, deixa claro para o expectador que os dois estão destinados a ficar juntos.

A série possui um vasto elenco e poucos episódios nas temporadas, Downton Abbey consegue encontrar espaço e trama para cada um deles, até mesmo para os secundários. A primeira temporada fica muito centrada nos dramas que cercam os membros da família, assim como os dramas dos criados, ao mesmo tempo em que o expectador vai conhecendo e se identificando com cada personagem. O mais legal da primeira temporada fica por conta da vida diferenciada do Matthew e sua mãe, que tudo fazem sem ajuda dos criados, em relação da família de Mary, que dependem completamente deles. Outra coisa que é brilhante na série é como o roteiro explora de forma espetacular é a hierarquia que não só existe na burguesia, mas também existe uma pirâmide hierárquica entre os criados.

Violet, Dowager Countess of Grantham
A qualidade técnica da série é impressionante, não me lembro de ficar tão deslumbrada assim, desde que assisti Game of Thrones. Fotografia belíssima, figurino lindos e cenários suntuosos, fica difícil não elogiar a estética da série. O mesmo pode ser dito pelos atores e atrizes da série. Liderados pela espetacular atriz inglesa Dame Maggie Smith, e, diga-se de passagem, está com uma atuação perfeita na série e que fica encarregada das cenas de humor sofisticado que a série possui. O elenco é brilhante. É um grande elenco de jovens atores e atrizes britânicos pouco conhecidos, mas que são tão talentosos e que estão perfeitamente bem confortáveis com seus personagens, que passam a mais simples das emoções através dos olhos, algo difícil de se fazer. Talentosos como são fica fácil se apegar a certos personagens, ou como são conhecidos pelos amantes do mundo das séries, aqueles personagens favoritos do público, como Lady Sybil, Lady Mary, Condessa Violet, Carson, Anna, Branson, Bates, e outros… assim como os mais fáceis de odiar, como Thomas, O’Brien e Lady Edith.

Lady Sybil, Lady Mary, Lady Edith Crawley
O enredo da segunda temporada é focado na Primeira Guerra Mundial, e começa o segundo ano de Downton Abbey de forma brilhante, ao mostrar como a guerra afetou a aristocracia e principalmente, como ela afetou os moradores de Downton. O grande exemplo de mudança parte da personagem Lady Sybil, que deixa de ser a menina "apagada" da primeira temporada, e começa a mostrar sua personalidade revolucionária, indo estudar enfermagem, tornando-a assim uma personificação da independência feminina que virá a acontecer no século XX, assim como seu romance com o chofer Branson, que é amante da política e irlandês, que constantemente declara seu amor a Sybil. Jessica Brown-Findlay se mostra cada vez mais confortável no papel, além de possuir uma presença diante da câmera invejável. Michelle Dockery também merece destaque, pois ela consegue transforma a mimada e chata Lady Mary em uma mulher forte, o que faz com que o expectador torça por ela. O ponto positivo da segunda temporada é o desenvolvimento dos personagens, aonde cada um vai ganhando mais características e seus propósitos vão sendo moldados revelando ainda mais o caráter de cada um.

Welcome to Downton!
Downton Abbey é uma série belíssima, com uma qualidade técnica inegável e um roteiro brilhante, assim como possui um grande elenco de atores e atrizes talentosos, que merece ser conhecido por todos que amam uma produção de qualidade. A Terceira Temporada começa em setembro deste ano, e contará com a presença de Shirley MacLaine, onde a trama será situada entre os anos de 1920 e 1921. Então sejam bem - vindos a Downton, e se preparem para conhecer o charme e a dor da aristocracia.