sábado, julho 07, 2012

Crítica: O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man, 2012)

★★★ Atores certos, mas filme errado!

Quando a Sony anunciou uma nova versão para o cinema da história do aracnídeo mais famoso das histórias em quadrinhos a primeira coisa que se passou na minha mente foi que era cedo demais. Não sou uma grande fã da franquia estrelada por Tobey Maguire, o terceiro filme é péssimo e com um roteiro cheio de furos, mas ainda o via como Peter Parker e não estava preparada para ver outro ator no colante azul e vermelho. Neste novo recomeço da história de Paker, os erros do terceiro filme são repetidos, e a tentativa de torná-lo uma espécie de Batman do Christopher Nolan não acabou dando certo e o filme é apenas um produto reciclado.

Peter Parker (Andrew Garfield) é um rapaz tímido e estudioso, que iniciou há pouco tempo um namoro com a bela Gwen Stacy (Emma Stone), sua colega de colégio. Ele vive com os tios, May (Sally Field) e Ben (Martin Sheen), desde que foi deixado pelos pais, Richard (Campbell Scott) e Mary (Embeth Davidtz). Certo dia, o jovem encontra uma misteriosa maleta que pertenceu a seu pai. O artefato faz com que visite o laboratório do dr. Curt Connors (Rhys Ifans) na Oscorp. Parker está em busca de respostas sobre o que aconteceu com os pais, só que acaba entrando em rota de colisão com o perigoso alter-ego de Connors, o vilão Lagarto.
 
O roteiro do filme é extremamente diferente das histórias em quadrinhos. Ele é tão amarrado que parece que estamos acompanhando uma "teia" de acontecimentos que servem para contar neste filme a história de Parker. Por exemplo: Os pais do Peter trabalhavam com Dr. Curt, que é chefe da Gwen, que estuda no colégio de Peter, que encontra uma pasta do pai com os documentos indispensáveis à pesquisa de Connors, na qual Gwen trabalha ativamente. Qual a necessidade disso? É como se dissessem que os espectadores não são inteligentes o suficiente para entender a história sem tantas "coincidências". O filme também peca ao escolher uma história que a maior parte dos fãs dos quadrinhos não se interessa. E o filme é vendido dessa forma, com a tal frase “A história nunca antes contada”. Sinceramente, os pais de Parker nunca foram algo de grande importância no crescimento do personagem. Tio Ben e Tia May sempre desempenharam bem os papeis de figura materna e paterna, e se não fosse as ótimas atuações dos dois atores, em especial a do Martin Sheen, os personagens icônicos passariam despercebidos. Outro momento dispensável, e nem imagino de quem surgiu a ideia, são as cenas dos pequenos lagartos seguindo para o esgoto. Imagino que pensaram assim: Peter precisa descobrir o esconderijo do Lagarto, então vamos fazer o monte de "filhotes" irem rumo ao esgoto para assim ele descobrir que o Lagarto se esconde lá. Mais uma cena em que os roteirista acreditam que quem está assistindo o filme não são tão inteligentes. Contudo, Lagarto é um vilão interessante, sempre rende boas cenas de ação com o aracnídeo, mas aqui surge sem sua família, que é fundamental nas HQ's para suas motivações, e as alterações em relação a sua origem chegam a ser desconfortante, mas nada que comprometa as cenas do antagonista.

O maior acerto do filme foi a escolha dos ótimos atores para interpretar Parker e a Gwen. Andrew Garfield já tinha se revelado ser um bom ator em Dr. Parnassus, A Rede Social e Não me Abandone Jamais, e como Peter Parker/Homem Aranha constrói uma atuação sólida, e consolida seu nome ainda mais na lista de bons atores da atualidade. Apesar de ser mais velho que seu personagem, Garfield possui um físico semelhante ao de Peter nos quadrinhos. O problema é que nesta nova versão da história Peter não parece ser totalmente nerd. Anda de skate, enfrenta valentões (apesar de levar uma surra), e ainda usa lentes de contato. A única diferença desta versão para a versão com super-poderes é que com esta ele consegue bater nos valentões. Acabaram destruindo a essência do personagem, que era justamente divertido e legal por ser aquele herói totalmente desajeitado que as pessoas se identificam, e o que o tornavam carismático, sem falar que aqui revela sua identidade a cada cinco minutos.

Emma Stone é literalmente a Gwen Stacy que eu cresci vendo. Carismática e uma ótima atriz, infelizmente não têm tanto tempo em cena, mas suas cenas com Garfield estão ótimas. Os atores, que namoram na vida real, possuem uma excelente química em cena. Contudo parece que demora para Stone se encaixar no filme, algo que vai acontecendo sutilmente. Sua personagem é pouco conhecida, já que muitos conhecem a ruivinha Mary Jane através da franquia anterior. Tive inclusive o infortúnio de escutar na saída do cinema pessoas se perguntando quem ela era e onde estava a Mary Jane Watson. Gwen sempre foi a namorada do Peter que eu mais gostava. Sempre achei bonita a relação dos dois e acredito que a Gwen se apaixonou pelo Peter e não pelo Aranha, diferente da Watson. Vale lembrar que ela foi o primeiro grande amor do nosso herói, apesar de hoje ele está casado com Mary Jane nas HQ's. Mas, uma coisa que não passa muita credibilidade a personagem é o fato de tentaram nos fazer acreditar que ela, uma estudante de 17 anos, possa ser tão brilhante ao ponto de ser uma importante estagiária do Dr. Curt.

Tecnicamente o filme é muito bonito. As cenas de ação estão ótimas, bem realistas e bem filmadas, inclusive as poses do herói se parecem e muito com as dos quadrinhos. O 3D funciona muito bem, o que ajuda no entretenimento do filme. Mas o que impressiona mesmo são os diálogos, que estão muito bem desenvolvidos, e isso é fruto da mão de Marc Webb, e o diretor já tinha feito isso em 500 Dias com Ela, seu filme mais famoso. São diálogos sutis e bem fofos que servem para criar certa intimidade entre os personagens, e o diretor extrai atuações bastante honestas dos atores.

O Espetacular Homem-Aranha está bem longe de ser um filme perfeito. Com um roteiro mal elaborado, e com uma história mal- desenvolvida, o que favorece o filme é o bom elenco e as divertidas cenas de ação. Poderiam ter feito um bom filme do aranha se tivessem escolhido a história certa, e sem essa preocupação de coincidências convenientes para que a história continue fluindo. Como disse antes, atores e personagens certos, contudo, no filme errado. Este Homem Aranha, infelizmente, não é tão espetacular.

Dica: não saia da sala antes do fim dos créditos. Tem um péssima cena que (não) indica quem podem ser o novo vilão.

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