quarta-feira, agosto 22, 2012

Crítica: Valente 3D (Brave, USA, 2012)

★★★★ Com um visual deslumbrante, a Pixar cria, finalmente, uma digna princesa!

Assistir aos filmes da Pixar é sempre uma experiência cinematográfica enriquecedora. Sejam por seus roteiros ou por seu deslumbrante trabalho visual, os filmes da maior fábrica criativa da animação sempre traz películas maravilhosas para todas as idades, um de seus maiores trunfos. Depois de vir de um tropeço com Carros 2, de longe seu pior filme, a Pixar vinha com a difícil missão de superar o mediano filme do Relâmpago McQueen. Com Valente a Pixar não só retoma o que há de melhor nos seus filmes: criativo, comovente e inteligente, como também cria uma princesa que todos podem amar e se espelhar, trabalhando da melhor forma possível uma relação entre mãe e filha.

A jovem princesa Merida foi criada pela mãe para ser a sucessora perfeita ao cargo de rainha, seguindo a etiqueta e os costumes do reino. Mas a garota dos cabelos rebeldes não tem a menor vocação para esta vida traçada, preferindo cavalgar pelas planícies selvagens da Escócia e praticar o seu esporte favorito, o tiro ao arco. Quando uma competição é organizada contra a sua vontade, para escolher seu futuro marido, Merida decide recorrer à ajuda de uma bruxa, a quem pede que sua mãe mude. Mas quando o feitiço surte efeito, a transformação da rainha não é exatamente o que Merida imaginava... Agora caberá à jovem ajudar a sua mãe e impedir que o reino entre em guerra com os povos vizinhos. 

O filme nada mais é que uma ode ao feminismo, e Merida representa bem essa independência feminina, um tema que sempre se mantem atual, não importa em que época seja retratado. Aventureira que adora andar de cavalo e treinar com seu arco e flecha, Merida é o oposto do que uma princesa deveria ser. Sua maior característica, a de querer ser livre, é incrivelmente representada pelos seus cabelos ruivos encaracolados, desde já um marco na animação. Outro ponto bem trabalhado nesta nova animação da Pixar é a relação mãe e filha, e não só traz excelentes questionamentos como também comove, sem se tornar emotivo demais. Uma relação que mostra que devemos sempre persistir nos nossos sonhos, como também ensina aos pais a apoiarem as decisões de seus filhos, um roteiro que trabalha a liberdade e sabe unir isso com os laços familiares.

Valente é um dos trabalhos visuais mais bonitos da Pixar. Nunca a Pixar caprichou tanto nos cenários, no caso, a geografia, as montanhas, a vegetação da Escócia. Outro marco nesta animação, como já falei antes e torno a repetir é o belíssimo cabelo encaracolado da nossa protagonista. As expressões faciais dos personagens também impressionam, e todos esses aspectos deixam claro que a competência da Pixar é notável e que ela é muito superior se for comparada com os outros estúdios que "fabricam" animação.

Valente trabalha de forma comovente e emocionante a relação familiar, em especial entre Merida e sua mãe, com direito a um desfecho bem bonito. Com uma deslumbrante animação, a primeira princesa e protagonista feminina da Pixar acabou se tornando uma representação do feminismo, com voz para marcar uma geração de pequeninos e pequeninas, que ainda não tiveram contato com uma outra personagem tão poderosa como é Merida.

Ps:. Logo no começo do filme somo presenteados com o belíssimo curta da Pixa, La Luna, que sem nenhum diálogo mostra que devemos sempre buscar nossa identidade e objetivo, se tornando encantador e inesquecível. Lindo!

sábado, agosto 11, 2012

Crítica: Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012)

★★★★★ Conclusão Épica da extraordinária Trilogia de Nolan!

Em 2005 quando surgiu nos cinemas mais uma adaptação do cavaleiro das trevas, de um ainda desconhecido por muitos expectadores, Christopher Nolan, ninguém poderia imaginar que aquela adaptação seria um primeiro passo dado de um complexo roteiro. Depois de uma plateia ter aplaudido de pé a segunda parte desta fantástica trilogia, Nolan entrega quase sete anos depois, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, que encerra com chave de ouro a melhor trilogia estrelada por um super - herói nas telas.

Oito anos após a morte de Harvey Dent, a cidade de Gotham City está pacificada e não precisa mais do Batman. A situação faz com que Bruce Wayne (Christian Bale) se torne um homem recluso em sua mansão, convivendo apenas com o mordomo Alfred (Michael Caine). Um dia, em meio a uma festa realizada na Mansão Wayne, uma das garçonetes contratadas rouba um colar de grande valor sentimental. Trata-se de Selina Kyle (Anne Hathaway), uma esperta e habilidosa ladra que, apesar de flagrada por Bruce, consegue fugir. Curioso em descobrir quem é ela, Bruce retorna à caverna para usar os computadores que tanto lhe serviram quando vestia o manto do Homem-Morcego. Aos poucos começa a perceber indícios do surgimento de uma nova ameaça a Gotham City, personificada no brutamontes Bane (Tom Hardy). É o suficiente para que volte a ser o Batman, apesar dos problemas físicos decorrentes de suas atividades como super-herói ao longo dos anos. 

A base dessa adaptação, assim como em qualquer filme de super - heróis, são os quadrinhos. Acredito que o ponto de equilíbrio para se adaptar uma história tão amada e icônica é respeitando acontecimentos marcantes da própria história e intercalá-los com a própria visão do diretor, sua própria interpretação do que é Batman. E foi isso que Nolan fez, e é por isso que tanto se escuta que a trilogia dele é sua própria história em quadrinhos do Batman, mas que respeita os primórdios do herói. Neste último filme Nolan trouxe algumas cenas icônicas da história de Batman, como a cena em que Bane ergue Batman em seus braços, fazendo alusão ao famoso quadrinho A Queda do Morcego de 1993, assim como também trouxe personagens amados pelos fãs do morcego interpretados por jovens e talentosos atores. Christian Bale é o melhor ator que já interpretou Batman no cinema. O ator entende a natureza complexa e as imperfeições que existe por trás deste herói e interpreta de forma excelente, mais uma vez, O Cavaleiro das Trevas.

Por trás de todo grande herói sempre existe um grande vilão, e acredito que de todos os super-heróis, independente que sejam da DC ou da Marvel, Batman é que detém a lista mais interessante de vilões. Depois de apresentar o vilão, na minha opinião, mais complexo e interessante da vasta lista do morcego, O Coringa, interpretado magistralmente por um Heath Ledger assustadoramente perfeito o último vilão da franquia, Tom Hardy merece créditos pelo Bane. Se o Coringa de Ledger era o caos em pessoa, o Bane de Hardy é o puro terror. Ele causa medo, um torturador de almas, sem coração como o mesmo se define. A única ressalva que eu tenho em relação ao ator é que ele poderia ter tido mais expressão nos olhos, uma vez que usando a máscara não dava para fazer algo tão grandioso com sua atuação, ou então talvez pudessem ter escolhido um ator mais expressivo no olhar, mas isso é só uma ressalva que não compromete o filme em nenhum momento.

Para aqueles que se preocupavam com Anne Hathaway na pela da Mulher Gato, podem ficar tranquilos, pois em nenhum momento a atriz tenta ser superior a interpretação inesquecível de Michele Pfeiffer no filme de Tim Burton de 1991. Hathaway encontra sua própria Mulher Gato, e faz uma interpretação sólida e segura da ladra Selina Kyle. A química entre Hathaway e Bale é bem interessante e foi bem explorada por Nolan em várias cenas, diferente das cenas do ator com a atriz francesa Marion Cotillard, mas não se enganem a atual melhor atriz francesa dá um show a parte com sua Miranda Tate.

Concluindo a lista de coadjuvante talentosos que Nolan reuniu neste terceiro e ultimo filme de Batman de sua autoria, temos a maravilhosa Marion Cotillard e Joseph Gordon-Levitt. O ator foi o grande mistério do filme. Depois que seu nome figurou na grandiosa lista de atores que fariam parte deste filme, muitos se perguntavam qual personagem o ator interpretaria. Realmente foi um pouco chocante que tal personagem tenha sido entregue ao ator, mas fico feliz em dizer que Levitt conseguiu encarar muito bem o peso do personagem que lhe foi entregue, e também tem uma grande participação no decorrer do filme. Marion Cotillard é sempre um show a parte. Uma atriz maravilhosa que despontou em Hollywood com sua perfeita atuação no filme Piaf - Um Hino de Amor interpreta aqui uma personagem importante na vida do morcego. A atriz consegue se mostrar ainda mais talentosa interpretando ao mesmo tempo o interesse amoroso do Batman, assim como também a grande personagem que faz parte do universo do cavaleiro das trevas. Simplesmente perfeita!

O que sempre chamou atenção nessa trilogia criada por Nolan foi o tom sério que ele deu a história do herói, e por que não dizer, o primeiro que deu um tom sério a uma adaptação de quadrinhos. É uma Gotham realista e que assusta por mostrar o pior lado do ser - humano algo que ficou muito mais claro nesse filme. E a trilha sonora, criada por Hans Zimmer, fecha com perfeição essa seriada sempre presente nos três filmes de Nolan.

Em um ano em que os heróis estavam em alta no cinema, com Os Vingadores da Marvel e O Espetacular Homem - Aranha também da Marvel, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge mostra que de todas as adaptações de super - heróis, a épica trilogia de Nolan continua sendo superior. No final do filme já bate um saudade desse O Batman de Nolan, que merece ser aplaudido de pé por ter entregado aos fãs um obra que não só respeita toda a trajetória de Batman nos quadrinhos como também cria sua própria versão do herói. E que me perdoem os produtores e diretor de O Espetacular Homem - Aranha, mas Espetacular mesmo é esse Batman!

quinta-feira, agosto 09, 2012

Review: Sherlock

Outra produção da BBC que vale cada minuto!

Sir Arthur Connan Doyle fez uma das mais significativas contribuições à extença lista cultural do Reino Unido, ao dar origem a um dos personagens mais icônicos da literatura policial e o detetive mais famoso do mundo, Sherlock Holmes. Várias versões já foram feitas sobre a obra de Doyle, inclusive obras questionáveis, como a recente cinesérie de Guy Ritchie, com Robert Downey Jr.. Mas, finalmente somos presenteados com uma criação inteligente, divertida e cuidadosamente elaborada, como é o caso de Sherlock, minissérie da BBC One.

A nova adaptação feita pela BBC transporta o detetive mais famoso da literatura para o Século XXI, apresentando um texto ágil e bem estruturado, transformando-a em uma divertida produção. Outra "modernidade" explorada pela adaptação é a utilização das novas tecnologias, como Smart Phone e GPS. Junte esta modernidade a uma belíssima Londres, embalada de uma trilha sonora instrumental belíssima, que os expectadores e fãs da obra criada por Doyle, podem ficar tranquilos, receberam uma grande série feita pelas mãos da BBC.

A primeira temporada de Sherlock tem apenas três episódios de 90 minutos. Foi encomendada em 2009, e teve um primeiro piloto produzido com 60 minutos de duração. No entanto, ao conferir o resultado, os executivos da BBC perceberam que os roteiristas precisariam de mais tempo para desenvolver cada história, e os episódios desta primeira temporada já introduzem o arqui-inimigo do detetive, o professor Moriarty, além de Mycroft, irmão mais velho de Sherlock, funcionário do governo. O elenco, liderado por Benedict Cumberbatch (Sherlock) e Martin Freeman (Watson), é extremamente talentoso, e a Inglaterra continua mostrando, assim como em Downton Abbey, um vasto leque de atores e atrizes jovens desconhecidos e talentosos, que merecem mais atenção.

Juntamente com Downton Abbey, Sherlock se tornou uma das melhores séries que está em vigor atualmente. Com crimes difíceis e inteligentes e um humor afiado, a produção da BBC é um programa imperdível!