sexta-feira, outubro 26, 2012

Resenha Crítica: 50 Tons de Cinza


Estava muito curiosa para ler o livro 50 Tons de Cinza, da escritora E. L. James. Muito "barulho" estava sendo feito em relação ao livro, algo que me deixou curiosa e intrigada para saber o que de tão interessante o livro tinha em suas 480 páginas. Ainda não estava ciente do conteúdo sexual do livro, mas o que despertou a vontade de lê-lo foi quando li em algum site/revista que James escrevia fanfics baseadas nos livros de Stephenie Meyer. Não sou fã da obra Crepúsculo e já não preciso mais citar no blog os motivos do meu desgosto em relação à saga dos vampiros brilhantes, mas confesso que fiquei ainda mais curiosas sobre o livro depois de saber que James escrevia aquelas famigeradas estórias feitas por fãs, e que logo de cara conseguiu seu primeiro livro e de quebra emplacá-lo na lista dos mais vendido.
 
Já com o livro em mãos, e já ciente do conteúdo erótico, resolvi ler o livro com a mente aberta, afinal admiti para mim mesma que coragem a escritora possuía restava saber se também possuía talento. Assim que acabei de ler o primeiro capítulo do livro, parei e pensei comigo mesma: hoje em dia qualquer coisa realmente faz sucesso. Sendo completamente sincera com vocês, leitores do blog, mas fazia tempo se não anos que lia um livro tão mal escrito e vago. Nem mesmo os livros da Saga Crepúsculo expressaram tamanho descontentamento em minha pessoa.

Sinopse: Quando Anastasia Steele entrevista o jovem empresário Christian Grey, descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por ele. Incapaz de resistir à beleza discreta, à timidez e ao espírito independente de Ana, Grey admite que também a deseja - mas em seus próprios termos...

Os dois personagens principais do livro são desprovidos de qualquer característica importante. Nas fanfics que a autora escrevia baseadas nas obras de Stephenie Meyer os leitores de suas estórias já conheciam os personagens e suas ideologias, o que mudava era que James criava um lado mais erotizado das obras de Meyer. Mas, sendo 50 Tons de Cinza um livro diferente do universo criado por Meyer, e com novos personagens chega a ser irônico que a autores tenha utilizado tantas páginas para descrever as roupas dos personagens, o espaço onde estes se encontravam e as cenas de sexo sadomasoquistas do que dá um conteúdo mais trabalhado aos dois protagonistas.

Como se a falta de caracterização interna já não fosse o suficiente, James se mostra ser também uma escritora sem criatividade. O livro é recheado de homenagens, fazendo uso do maior dos eufemismos, descaradas da obra de Stephenie Meyer. Anastasia, assim com Bella possui uma estranha dependência pelo seu "cavaleiro das trevas", é introspectiva, feminista e é irritante. Christian, assim como Edward alerta a Anastasia que ele não era o homem que ela imaginava que ele fosse, que ela deveria ficar longe dele apesar do mesmo não conseguir ficar longe dela, e por aí vai. Quando você pensa que não existem mais "coincidências" a autora apresenta mais semelhanças que vão desde bobagens até características importantes do enredo da obra de Meyer. Senti-me lendo um Crepúsculo erótico, mas com outros nomes e bem mais mal escrito.

Como disse antes, James não possui nenhum talento para a literatura. O livro é bastante repetitivo tanto em expressões pejorativas ("Porra, "Puta Merda"...) quanto no enredo da obra. Gastar dias e horas lendo um livro sobre sexo, através dos olhos de uma virgem que usa expressões como "minha deusa interior dançou um samba" só porque foi tocada ou só por que um homem como Grey, rico e bonito, se mostrou interessado nela beira ao ridículo. Tem momentos no livro em que somos bombardeados com um festival de páginas com troca de emails entre Anastasia e Grey que só me fizeram pensar que James estava com preguiça de colocar sua cabecinha para funcionar e resolveu assim mesmo continuar a preencher as páginas do livro com emails irritantes entre os dois personagens. Preferia muito mais ler os livros de Nicholas Sparks, que são igualmente desnecessários no mundo literal, do que voltar a ler os dois outros livros da autora.

Ainda falando da falta de habilidade que a autora tem de escrever, não tem como se importar com nenhum dos dois protagonistas. Anastasia é simplesmente uma chata, que não possui convicções ou características relevantes, e no mínimo possui problemas mentais piores que Bella. Christian não possui carisma, e parece que a toda hora James tenta criar uma empatia entre o leitor e o personagem, assim como tenta dar a todo custo uma profundidade maior a este. Os outros personagens são cópias baratas dos coadjuvantes da saga dos vampiros luminosos, a única diferença é que fazem sexo, falam palavrão e não são chupadores de sangue (precisei escrever isso...).

Sendo assim não sobra na realidade muita razão para ler o livro a não ser a curiosidade para também ler o tal "livro sobre sexo que todo mundo está comentando". Uma obra mal escrita, que pega carona no sucesso da obra de outra escritora, com personagens sem carisma e pouca história para as 480 páginas do livro, 50 Tons de Cinza é um sucesso inexplicável, mas não passa de um livro pornô cansativo e sem conteúdo escrito por uma mulher desprovida de qualquer talento.

1/5  

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