quinta-feira, abril 25, 2013

Hannibal - Primeiras Impressões


2013 está mesmo se tornando o ano dos seriais killers na televisão. Tivemos a estreia do ótimo Bates Motel, que foca na adolescência de Norman Bates, imortalizado no filme Psicose; a estreia da série do Kevin Bacon, The Following, que acabou se tornando uma obra medíocre e Ripper Street, produção britânica sobre Jack, o Estripador, assassino que aterrorizou Londres em 1888. E finalmente Hannibal, a aposta do canal americano NBC, que foca no relacionamento entre o investigador Will Graham e o psiquiatra forense dr. Hannibal Lecter.

Dr. Hannibal Lecter nasceu da mente criativa do escritor Thomas Harris, que surgiu pela primeira vez no livro Dragão Vermelho. Já no cinema Lecter apareceu em três adaptações, mas seu verdadeiro êxito mundial veio com O Silêncio dos Inocentes, sucesso de público e crítica, que entregou uma das maiores interpretações da história do cinema, com Sir Anthony Hopkins na pele do psicopata.

Como grande fã de Hopkins e do filme de 1991, confesso que estava muito ansiosa pela série da NBC, ainda mais depois que soube que o ator dinamarquês Mads Mikkelsen interpretaria Hannibal. O foco da série está no relacionamento entre Graham e Lecter, então quem está esperando um grande destaque em Lecter, como acontece em Dexter, acaba frustrado. Afinal, quando acompanhamos uma série sobre seriais killers é inevitável que a audiência queira conhecer o "vilão". Seu dia a dia, suas motivações e seu modus operandi atraem a curiosidade do público. Apesar de não ser um grande problema a série querer trabalhar o relacionamento entre os dois personagens principais, ao invés de somente trabalhar Hannibal.

Só que pelo piloto, a intenção da série é de estabelecer Will Graham como o principal protagonista. Os 20 minutos iniciais se concentram na construção de seu personagem, em que ele usa métodos quase psíquicos para traçar os perfis dos seriais killers. Mas, sendo sincera acho muito clichê que um determinado personagem na polícia seja um gênio porque consegue pensar que nem o psicopata. Sem falar na bagunça com que isso acontece.

Contudo, a série não parece ser uma série de ação. O que já é um ponto positivo. Lembra muito produções europeias, que tem como foco trabalhar o roteiro e as atuações, e não apenas encher o público com cenas apelativas de violência. Até agora, nenhum dos personagens consegue criar uma relação afetiva com o público, por mais que Mikkelsen consiga fazer um Hannibal bem carismático.

A estética visual feita por Bryan Fuller é muito bem feita. Quem já assistiu a série Pushing Daisies, sua obra mais conhecida, sabe que ele adora usar alterações de cores para explicar situações, personalidades e características de seus personagens. Em Hannibal ele faz isso com Graham, quando o investigador está em seus momentos lúcidos ou quando está perturbado.

Realmente é a vez dos psicopatas na televisão. Enquanto Dexter se encaminha para sua última temporada, as séries sobre Norman Bates e Hannibal Lecter começam a trilhar a passos largos e satisfatórios para se tornarem as principais referencias desse gênero que finalmente passou a ter vez na televisão.

quinta-feira, abril 11, 2013

Of Monsters and Men no Playlist

“Eu acho que a chuva é mais legal do que o sol, certo?” - Nanna


No feriado da Páscoa, mais precisamente na Sexta, 29, aconteceu na cidade paulista o Lollapalooza, um dos maiores festivais de música do mundo. Diferente do Rock in Rio, o festival costuma trazer bandas "pouco" conhecidas do público geral, tornando-o uma fonte rica para aumentar a playlist do seu iPod.

Das várias bandas que marcaram presença nos principais palcos da capital paulistana, como a popular The Killers, Pearl Jam e a volta do Franz Ferdinand, uma em especial chamou a minha atenção, a banda islandesa Of Monsters and Men. Podendo ser considerada a mais "desconhecida" das atrações convidadas para se apresentar no festival, mesmo com os refrãos entoados em uníssono pelo grande público, esse sexteto islandês que abriu o Lollapalooza no palco Butantã foi justamente a que mais surpreendeu.

Considerada pela edição americana da revista Rolling Stone como o "novo Arcade Fire", e com um som que lembra bastante a já popular banda inglesa Mumford and Sons, a banda "nórdica", liderada pela simpática e mega fofa Nanna Bryndís possui no repertório do seu primeiro disco, My Head is an Animal (2012), músicas com um som folk rock com fortes influências do indie rock.

Ainda que possuam um som "genérico" que lembram muitas bandas com o mesmo gênero musical, afinal a influência externa é sempre inevitável, a banda se esforça para mostrar seu próprio som e conquista com as músicas recheadas de refrãos simples e melodias doces. Se é um novo Arcade Fire, acho difícil, mas que a música indie folk acalorada do Of Monsters and Men é muito difícil de não curtir, não restam dúvidas. Infelizmente, o único problema da banda é possuir apenas um CD. Recomendação Máxima!

Confiram Little Talks, sua música mais conhecida, no Lollapalooza 2013!

sábado, abril 06, 2013

In The Flesh – Vale Cada Minuto!

Quando a BBC 3 anunciou uma nova série sobre zumbis situada no futuro, que acompanhava a vida dos sobreviventes que enfrentaram uma espécie de holocausto em uma pequena cidade, confesso que fiquei bastante animada. Ao mesmo tempo em que a premissa soava absurda, acabava se tornando tão interessante quanto, afinal esta seria a primeira vez que uma série/filme com a temática apocalipse zumbi seria focada nos próprios zumbis, ou segundo a série, conhecidos como vítimas do PDS (Partially Deceased Syndrome – Síndrome de Falecimento Parcial), ao invés do grupo dos humanos que tentam sobrevevier aos famosos mortos vivos.

A série é situada no futuro, acompanhando a vida de sobreviventes que enfrentaram uma espécie de holocausto zumbi. Estes foram eliminados ou capturados pela Força Voluntária Humana e agora recebem tratamento médico para que possam ser reintegrados à sociedade, utilizando medicamentos, lentes de contato, implantes e maquiagem corretiva. Assim, eles passam a ser chamados de vítimas do PDS (Partially Deceased Syndrome – Síndrome de Falecimento Parcial).

Sou uma grande fã do gênero apocalipse zumbi desde os filmes de Romero e tinha em The Walking Dead a minha principal fonte de zumbis diária. Infelizmente, a série do canal AMC continua com episódios cansativos e sem criatividade, "enganando" não só os telespectadores como também os fãs da HQ. Apesar da terceira temporada focar na prisão, a melhor fase da HQ, os roteiristas da série conseguiram criar um dos piores finais de temporada da história das séries. Enquanto The Walking Dead me faz questionar seriamente se eu voltaria para um quarto ano, In the Flesh me faz torcer para que seja confirmada a sua segunda temporada. Superior a série da AMC em praticamente todos os sentidos, a série do canal BCC 3 foi a melhor estreia de 2013.

O roteiro da série é fantástico. Os roteiristas deram uma sensibilidade maravilhosa a série, mas em momento algum eles a deixam menos ousada. A facilidade de passar mensagens e fazer críticas comportamentais e sociais é o maior trunfo desta produção britânica. Particularmente, acredito que filmes e séries sobre apocalipse zumbi são importantes em momentos de grande mudança social, usando assim os zumbis como metáfora para essas mudanças. Em um momento em que uma minoria luta cada vez mais para ter seus direitos atendidos, a série In The Flesh traz os portadores da Síndrome do Falecimento Parcial como parte de uma minoria, que poderiam ser negros, gays, ou qualquer outro grupo ainda hoje marginalizado por uma parte da sociedade. Como também trazem aqueles mais radicais e intolerantes que não aceitam a reintegração dos portadores da doença. Uma situação cada vez mais presente na nossa sociedade.
 
Uma das personagens da série diz acertadamente que "o maior medo da humanidade é a morte, quando o que deve ser temido é a vida". Notamos isso no melhor amigo do protagonista, Rick, que sempre obedeceu a seu pai, o personagem mais preconceituoso da série, em todos os sentidos. A morte em vida nunca foi tão representada em uma série, assim como todo o cuidado dela em trabalhar a relação familiar e a aceitação de cada individuo do vilarejo. O roteiro consegue apresentar uma qualidade tão invejável, que a humanização, a empatia e a identificação que sentimos com cada um dos seus personagens, principalmente com o protagonista (duplamente marginalizado), simplesmente ocorrem naturalmente. Felizmente não é só o roteiro da série é que soberbo, a série é fantástica tanto na qualidade da atuação do seu elenco quanto em toda a sua ambientação, em especial a fotografia cinzenta trazendo assim um clima melancólico a série.
 
In The Flesh é uma série extremamente sensível, que trabalha de forma humana e inteligente temas como preconceito, comportamento social, a aceitação por partes de terceiros, e a própria auto aceitação, e que com os seus três primeiros episódios conseguem levar o espectador a uma experiência única de momentos de reflexão sobre a vida.