sábado, abril 06, 2013

In The Flesh – Vale Cada Minuto!

Quando a BBC 3 anunciou uma nova série sobre zumbis situada no futuro, que acompanhava a vida dos sobreviventes que enfrentaram uma espécie de holocausto em uma pequena cidade, confesso que fiquei bastante animada. Ao mesmo tempo em que a premissa soava absurda, acabava se tornando tão interessante quanto, afinal esta seria a primeira vez que uma série/filme com a temática apocalipse zumbi seria focada nos próprios zumbis, ou segundo a série, conhecidos como vítimas do PDS (Partially Deceased Syndrome – Síndrome de Falecimento Parcial), ao invés do grupo dos humanos que tentam sobrevevier aos famosos mortos vivos.

A série é situada no futuro, acompanhando a vida de sobreviventes que enfrentaram uma espécie de holocausto zumbi. Estes foram eliminados ou capturados pela Força Voluntária Humana e agora recebem tratamento médico para que possam ser reintegrados à sociedade, utilizando medicamentos, lentes de contato, implantes e maquiagem corretiva. Assim, eles passam a ser chamados de vítimas do PDS (Partially Deceased Syndrome – Síndrome de Falecimento Parcial).

Sou uma grande fã do gênero apocalipse zumbi desde os filmes de Romero e tinha em The Walking Dead a minha principal fonte de zumbis diária. Infelizmente, a série do canal AMC continua com episódios cansativos e sem criatividade, "enganando" não só os telespectadores como também os fãs da HQ. Apesar da terceira temporada focar na prisão, a melhor fase da HQ, os roteiristas da série conseguiram criar um dos piores finais de temporada da história das séries. Enquanto The Walking Dead me faz questionar seriamente se eu voltaria para um quarto ano, In the Flesh me faz torcer para que seja confirmada a sua segunda temporada. Superior a série da AMC em praticamente todos os sentidos, a série do canal BCC 3 foi a melhor estreia de 2013.

O roteiro da série é fantástico. Os roteiristas deram uma sensibilidade maravilhosa a série, mas em momento algum eles a deixam menos ousada. A facilidade de passar mensagens e fazer críticas comportamentais e sociais é o maior trunfo desta produção britânica. Particularmente, acredito que filmes e séries sobre apocalipse zumbi são importantes em momentos de grande mudança social, usando assim os zumbis como metáfora para essas mudanças. Em um momento em que uma minoria luta cada vez mais para ter seus direitos atendidos, a série In The Flesh traz os portadores da Síndrome do Falecimento Parcial como parte de uma minoria, que poderiam ser negros, gays, ou qualquer outro grupo ainda hoje marginalizado por uma parte da sociedade. Como também trazem aqueles mais radicais e intolerantes que não aceitam a reintegração dos portadores da doença. Uma situação cada vez mais presente na nossa sociedade.
 
Uma das personagens da série diz acertadamente que "o maior medo da humanidade é a morte, quando o que deve ser temido é a vida". Notamos isso no melhor amigo do protagonista, Rick, que sempre obedeceu a seu pai, o personagem mais preconceituoso da série, em todos os sentidos. A morte em vida nunca foi tão representada em uma série, assim como todo o cuidado dela em trabalhar a relação familiar e a aceitação de cada individuo do vilarejo. O roteiro consegue apresentar uma qualidade tão invejável, que a humanização, a empatia e a identificação que sentimos com cada um dos seus personagens, principalmente com o protagonista (duplamente marginalizado), simplesmente ocorrem naturalmente. Felizmente não é só o roteiro da série é que soberbo, a série é fantástica tanto na qualidade da atuação do seu elenco quanto em toda a sua ambientação, em especial a fotografia cinzenta trazendo assim um clima melancólico a série.
 
In The Flesh é uma série extremamente sensível, que trabalha de forma humana e inteligente temas como preconceito, comportamento social, a aceitação por partes de terceiros, e a própria auto aceitação, e que com os seus três primeiros episódios conseguem levar o espectador a uma experiência única de momentos de reflexão sobre a vida.

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