sábado, novembro 16, 2013

Crítica: Jogos Vorazes: Em Chamas

★★★★  Franquia encontra em Jennifer Lawrence e em suas ideias políticas sua maior força motriz!

O primeiro filme da obra criada por Suzanne Collins foi uma grata surpresa, ainda mais se compararmos com as outras franquias baseadas em livros infanto - juvenis. Com o sucesso que Jogos Vorazes alcançou tanto nas criticas quanto nas bilheterias, era seguro dizer que uma continuação já era dada com certa. Jogos Vorazes: Em Chamas não só consegue se tornar superior que seu antecessor, como também se encaminha para ser tornar um ícone da cultura pop.

Este é o segundo volume da trilogia Jogos Vorazes, baseada nos romances de Suzanne Collins. A saga relata a aventura de Katniss (Jennifer Lawrence), jovem escolhida para participar aos "jogos vorazes", espécie de reality show em que um adolescente de cada distrito de Panem, considerado como "tributo", deve lutar com os demais até que apenas um saia vivo. Neste segundo episódio da série, após a afronta de Katniss à organização dos jogos, ela deverá enfrentar a forte represália do governo local, lutando não apenas por sua vida, mas por toda a população de Panem.
O que beneficia muito esta continuação foi a troca de diretor e dos roteiristas. Francis Lawrence, que não tem nenhum parentesco com Jennifer, foi um escolha acertada na direção. O diretor do primeiro filme, Gary Ross, fez um bom trabalho, mas ao utilizar a câmera tremida durante os combates, recurso que deixou o filme menos sangrento, e a rapidez com que o diretor passava nas questões mais complexas da história, mostravam que sua direção não iria se encaixar na segunda parte da obra de Collins. Lawrence traz uma nova visão para esse segundo filme. Acostumado a trabalhar com filmes de ficção científica, como também em dramas, o novo diretor consegue trazer um olhar mais realista a obra, ao intercalar momentos de ação com momentos de contemplação. O diretor não poupa esforços em mostrar o quão horrível é viver em Panem, principalmente em não esconder a violência da historia. Ele é duro em mostrar todas as crueldades que fazem para conter a revolução, marcando essa continuação com uma sensação de melancolia e incerteza que existe naquele distopia. O que preocupa é que as ideias políticas que a franquia traz que nada mais são que a função do Estado perante seus cidadãos, a exposição midiática com fins apaziguador e as criticas morais e sociais, passam despercebidos pelo seu público alvo. Na sessão podiam-se escutar risadas em cenas que trazia uma critica mais afiada e em outras notávamos que alguns estavam apenas assistindo para ver seus atores favoritos. E, isso é fruto de uma geração acostumada com obras aonde as protagonistas que sofrem baixa autoestima se submetem a um personagem masculino, diferente dos livros de Collins, em que sua personagem, inteligente, diga-se de passagem, nos faz refletir e questionar uma série de males que assolam atualmente as sociedades.

Em relação à dupla de roteiristas, a continuação também foi feliz na contratação da dupla Michael Arndt e Simon Beaufay. Os dois conseguiram focar no contexto político da história, deixando de lado a ação do primeiro filme, o que se mostrou uma decisão acertada. O que incomoda mesmo é a fidelidade da adaptação, ainda que o filme seja superior ao livro. No primeiro filme, a meu ver, o mais interessante foi os roteiristas terem fugido da ideia de narrá-lo em primeira pessoa. O livro fica centrado demais em Katniss, algo que chega a ser um pouco desgastante, já na adaptação a ideia de contá-la em terceira pessoa tornou a obra melhor, uma vez que vemos como as ações de Katniss repercutem fora dos jogos, o que mais uma vez torna a projeção melhor que a obra literária. Já nessa segunda parte essa fidelidade compromete um pouco a qualidade do filme ao prolongá-lo mais do que necessário. O filme não perde seu frescor por conta dessa fidelidade, mas a obra teria ficado mais interessante se não tivessem tido essa "preocupação" com os fãs.

Mas, de todos os acertos da franquia, o maior deles foi à contratação de Jennifer Lawrence, que se encaminha cada vez mais para se tornar a maior atriz da sua geração. A atuação da Jennifer é tão poderosa nesta continuação, que em certo ponto do filme eu já não ligava muito para os rumos da história (já tinha lido o livro também), apenas queria sentar e ficar contemplando a performance da atriz. Lawrence consegue dá vida a uma Katniss com trajetos fortes ao mesmo tempo em que notamos no olhar da atriz que a personagem sofre ao fazer parte de uma revolução que a mesma não pretendia iniciar. A veracidade da atuação da atriz chega a assustar, se não fosse impressionante. Em todo o momento do filme, desde começo da projeção até a cena final, diga-se de passagem, assombrosa, a personagem se torna tão crível nas mãos da jovem atriz de apenas 23 anos, que o público acaba fazendo parte dos acontecimentos jogados na tela. E o filme não poupa esforços em vender a personagem como algo real, tornando Katniss uma das personagens mais poderosas das últimas décadas, ainda mais nas mãos de uma atriz extremamente talentosa como Lawrence que fica melhor a cada filme que participa. Esta continuação traz também um novo elenco secundário, e ainda que seja um acerto, destacando Sam Claflin como Finnnick Odair e Jena Malone como Johanna Mason, a adição mais acertada foi na contratação do ator Philip Seymour Hoffman como o novo idealizador dos jogos. O personagem é extremamente dúbio e encontra em Hoffman seu intérprete ideal ainda mais quando o mesmo dividi cenas com a atriz, com Woody Harrelson e Donald Sutherland.

Com melhorias nos aspectos técnicos, uma fotografia caprichada e uma trilha sonora que cumpre sua função, Jogos Vorazes: Em Chamas cumpre e muito bem seu papel como continuação, principalmente ao se mostrar superior que seu antecessor em todos os sentidos. O filme evidencia cada vez mais as ideias políticas complexas da obra ao mesmo tempo em que intercala com uma ação empolgante. Agora, é esperar até novembro de 2014 para conferir o próximo capitulo desta inteligente franquia.

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